quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A lágrima é o suco do coração...(Netinho)


Creio que estou vivendo um momento de transição. Uma transição que pode me levar pra onde eu não quero ir. Estou completamente confuso. Só tenho certeza de uma coisa, não posso desistir de amar, pois seria como desistir de mim mesmo. Se eu tomar essa decisão agora, se eu desistir definitivamente de amar, vou morrer, vou morrer pra mim mesmo. Continuarei aqui, junto de vcs, junto dos meus amores, dos meus desejos, dos meus sonhos, mas nada disso terá qualquer significado para mim. Será apenas o meu corpo presente nessa vida esperando pelo fim para, numa nova oportunidade, voltar a acreditar que esse sonho é possível. Como pude, Deus, chegar aqui? Como pude me perder tanto a ponto de não ver onde está a razão dessa trajetória?

Só quem já sofreu por excesso de amor sabe o que isso significa. Só quem já teve o coração esmagado, apertado, sufocado por uma vontade extrema de amar sabe a dor que se sente. A lágrima que lentamente desce pelo meu rosto é o suco que escorre do meu coração espremido.

Não me refiro aqui ao sentimento de rejeição, não é disso que sofro. Sofro de abundância, sofro de excesso, sofro de amor contido, preso.

Tenho perdido noites e dias e semanas e meses e já se somam anos, pensando em como resolver essa questão tão emblemática para o meu ser. O meu ser humano, o meu ser companheiro, o meu ser desprendido neste momento está completamente perdido. Não posso dizer que sou incompreendido, pois a todos que falo me compreendem, mas só um tem a solução. Mas onde ele está? Já não o vejo mais. Já chorei vendo amigos partindo, mas descobri que logo chegam outros novos e que a vida é mesmo ir e vir sem razão. Já chorei partindo e deixando amigos que nunca mais voltei a ver. Foram tantas coisas que já fiz. Tantos momentos fotografados pelas lentes da minha emoção e guardados num baú que chamo de coração. E agora, quando pensava que tudo estava em ordem, percebo a maior desordem. Agora que eu sabia com toda a minha convicção de onde vinha e para onde estava indo, aparece essa dúvida de novo e espalha todas as peças no tabuleiro.

Eu não sei quando você vai chegar, não sei nem mesmo se você chegará. Às vezes, quando furtivamente nos encontramos, você dá sinais de querer ficar com esse amor. Quando isso acontece, meu coração se esquece de todas as dores do passado e vislumbra um futuro sorridente. Entretanto, minutos depois, seus atos demonstram o que seus olhos negam e você parece recusar o mesmo amor que tanto busca.

A efemeridade, os imediatismos que pautam os seus argumentos trazem consigo a confusão e a desordem e eu volto a pensar em desistir.

Mas eu sei que não posso desistir, pois será – repito - desistir de tudo que dá sentido a minha vida e a minha existência.

Sei que em algum momento aparecerá o corcel que trará em seu dorso aquele que saberá usufruir dessa capacidade que Deus me deu, amar, amar, e amar cada vez mais, sempre e incondicionalmente. Quero um amor livre, desprendido, imaterial. Sem medo, sem culpa, sem traumas. Um amor sem conceitos e sem preconceitos. Um amor tão forte que seja capaz de apagar os sofrimentos da alma, elevando o espírito ao nível mais alto de minha existência.

Posso estar desistindo de amar, mas jamais perderei essa capacidade de amar. Sei que arranjarei uma maneira de aliviar toda essa pressão que tenho no peito, sei que haverá um dia que te encontrarei outra vez e poderei então te amar da forma que você sempre quis.

Agora, neste ponto, vocês devem estar pensando que me perdi do tema proposto. Errados ! Não há tema proposto. A proposta é desabafar. Também não sei por quanto tempo essas palavras terão sentido para o meu coração.

Depois de um choque, de uma surpresa, depois da leitura de um diálogo, após uma divertida troca de emails chego a conclusão do amadurecimento proclamado no início desta nossa conversa.

Vejo que não preciso desse amor formal, percebo que posso viver um amor diferente e saber esperar por você, esperar pela sua chegada.

Outra noite vivi um momento em minha vida emocional que por alguns instantes pensei que fosse me desequilibrar. Mas quando pareceu que isso fosse acontecer tive uma sensação de segurança e amadurecimento tão grandes que fiquei surpreso com essa minha nova capacidade. A minha capacidade de ser emocionalmente seguro. Isso é uma vitória. Passei o dia inteiro com esse pensamento, com esse sentimento. O sentimento de ter o controle absoluto de minhas emoções.

mas logo depois, exatamente 24 horas depois, um amigo constata que faz muito tempo que estou feliz. Sim, faz muito tempo que estou feliz e só hoje me dei conta disso. Lamentei, pois podia estar me divertindo há mais tempo. Mas também não lamento nem sofro por não ter descoberto isso antes. Acho que veio na hora certa.

Continuei pensando mais sobre isso. Coincidência eu estar feliz e me dar conta de uma maturidade emocional ? Certamente que não. É a maturidade emocional que me levou ao estado de felicidade. Hoje acredito que a felicidade está na maturidade das emoções.

Sensação indescritível.

Entretanto, passado duas semanas eu volto a sentir aquela sensação terrível de medo da perda, ou melhor, de medo da perda da possibilidade da conquista.

Meu esforço tem sido tão grande que já me sinto esgotado, completamente cansado. Ao mesmo tempo em que não vejo progresso ou retorno de meus atos, vejo pequenas atitudes que me forçam a pensar diferente. Pequenas, quase insignificantes, reverências. Tão pequenas e raras que se tornam grandes e valiosas.

Posso pensar que tudo não passa de insegurança. Mas de quem deve partir a segurança ? Entendo que não somos seguros ou inseguros. A outra parte é que nos dá ou não essa segurança. Mais por atitudes do que por palavras. E é aí que se encontra o meu dilema atual.

E como fica a tal maturidade emocional ? Agora me questiono: ter maturidade emocional é importante ? Quem disse que tenho que ser maduro ? Ser maduro, nesse caso, é ser contido ? Não quero ser contido, não sou contido.

Quero poder gritar o meu amor, gritar a minha (in)segurança, berrar meus medos, minhas ansiedades. Dizer a todos o que me tortura, o que me dói na alma. Repito: A lágrima que lentamente desce meu rosto é o suco de meu coração espremido.

Fico cansado, exausto de pensar, esvaído de amar, de procurar o meu amor. Deus, me diga onde ele está ? Em qual caixinha você escondeu o meu amor ? Essa brincadeira já perdeu a graça. Como dizem: "o que é teu está guardado"... Ótimo, mas me entrega logo. Ninguém merece ficar guardado por tanto tempo. Nada é pior que não viver um amor.

Mas como já disse, não vou desistir, vou continuar procurando, continuarei fazendo tudo para te encontrar e se eu não te encontrar, vou lamentar por você. Nosso tempo pode estar acabando. Talvez amanha tudo mude.